O despertador toca.
Não na hora que ele deveria tocar - ele deveria ter tocado antes de você ir - e eu levanto apressada. Tento me enganar que eu não faço isso de propósito, só pra não perceber que o outro lado da cama está frio. acredito também que ter que me arrumar correndo pode me distrair do fato de que eu não terei aquelas conversas matinais, enquanto eu escovava os dentes e você se vestia, e fazíamos piadas de tudo e todos que veríamos durante o dia.
Não, eu não faço isso de propósito. Não posso fazer."
Eu já não tenho que brigar para ver quem vai dirigir. Era a melhor oportunidade de sacudir seu cabelo recem-lavado, ainda cheiroso, enquanto você me segurava fazendo cócegas para chegar ao carro primeiro. Parávamos em uma padaria próxima, para tomar café, e o fazíamos dentro do carro mesmo, agora em uma conversa um pouco mais civilizada. Agora chego muito mais rápido ao trabalho. Não que isso seja necessariamente bom... Eu nunca pedi por isso.
E o telefone passou mudo o dia inteiro, assim como no resto da semana. Não gosto da nossa nova versão: somos dois, na chuva, um de frente ao outro sem falar e nem se tocar. Um esperando pelo outro para fugir dessa realidade e viver o sonho. E nenhum dos dois faz nada. Como esquecer a visão da minha janela vendo-o de frente à minha porta, sem tocar a campainha? E como esquecer que eu fiz o mesmo, no dia seguinte, na sua porta?

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