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Ele bateu a porta do carro quando saiu. Fez o maior escândalo, disse que eu não prestava e tudo. Saiu chorando feito uma menina. Sou mestra nesse lance de inversão de papéis.

Se as batalhas nórdicas e os disparos do “Resgate do Soldado Ryan” são épicas, fins de namoro também. E nem precisam de maquiadores ou efeitos de câmera, são épicas por si só. Choro desesperado, frases que a gente nunca quer dizer, adeus e maus adeus até finalmente chegar o momento que realmente vai um pra cada lado, sempre pensando que a culpa do fim é do outro.

Ele ficou parado na frente do portão chorando, de costas pra mim e de frente pra fechadura. Dava pra ver a camisa dele se movimentando com os suspiros. Cenas nada agradáveis, coisa nada boa.

Tive alguns instantes de culpa. Fiquei escondida atrás do volante observando a silhueta dele. Não gosto de dar o braço a torcer e voltar lá seria como fazê-lo. Logo veio a vontade de soltar o cinto e correr pra abraçá-lo. E tinha formas mais agradáveis de se despedir, afinal? Não, as despedidas são todas a mesma porcaria: Poéticamente lindas e humanamente dolorosas.

Fiz o que qualquer orgulhosa de merda como eu faria, em situações como essa: Liguei o carro e nunca mais voltei. Pior: Nunca mais voltei e nunca mais quis saber dele também.

Por orgulho. Puro orgulho.

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