Garrafas quebradas. Uísque pelo chão. Um par de velas sobre a mesa, ambas apagadas. O tapete manchado de vermelho, mal dá pra saber do quê. Você me olha com aquele usual olhar de “A culpa é sua”. Cruza os braços, não quer saber do que tenho para falar. Típico comportamento não verbal. Cruza os braços, pra se fechar pro mundo. Pra se fechar pra mim, pra repetir que a culpa é minha.
Eu fico te olhando tentando achar uma parte nem que seja ínfima de que você também está errada. Não, claro. Você não está errada, só eu. Como sempre. Você está lá, com a mesma cara de sempre, que um dia já me foi bonita, me fuzilando como se eu fosse um molestador. Nada muda, tudo é e sempre será a mesma coisa. Você nunca se importa com as minhas razões, basta pra você o fato de achar estar certa.
Vence de novo. Vesces toda vez que quiseres. Por que sabes que me tens. E mesmo não gostando disso nem um pouco, é assim que as coisas funcionam por aqui. Você estando com a razão ou não, a desculpa sou eu quem peço. Todas as vezes. Todas as malditas vezes em que me olhas com esse jeito morto, esses braços cruzados e o bico trêmulo segurando o choro. Não aguento a culpa do teu choro!
Então que seja do seu jeito. Peço desculpas, aguento teu sermão, sigo calado. Sempre calado. Logo vejo que quanto mais você fala, mais você chora e não seguro. Esqueço as minhas razões, aceito as tuas. Aceito as tuas razões, por que te fazer chorar - só o fato de você chorar - já mostra que a culpa é realmente minha.
Por que as garrafas quebradas, a bebida derramada a gente dá um jeito, isso é fácil. A culpa, se não estancada logo como as feridas são, é que é a fodida.

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